Vulnerabilidade

Engraçado como a vida é às vezes. Nos últimos dias, semanas, meses, tenho passado por um período em que me senti muito fraca. Não fisicamente como se estivesse desnutrida mas psicologicamente, com preocupações que se emaranharam como se fossem fios de um novelo enrolado no gato. É claro que falar sobre isso só deixaria as pessoas preocupadas e às vezes não tem um motivo específico para você estar triste. Há vezes que você está triste e nada mais. Por outro lado, eu acredito que as coisas da vida possuem uma causa, o motivo pode até ser muito abstrato e pouco compreensível mas nasce de algum lugar e quando se conclui serve para alguma coisa. Nesse caso, para crescer, melhorar como pessoa. Pena que é preciso sofrer para aprender pois as coisas das quais não batalhamos tanto para ter parecem que no fim sempre acabam sendo menos valorizadas por nós... Não sei também, é o que eu acho por hora.

Pensava sobre vulnerabilidade. Não tenho um estudo aprofundado, e nem pretendo ter um dia, mas o ponto é que pensar sobre o tema trouxe conversas e fatos no meu dia-a-dia que resultou em uma reflexão valiosa para mim.

Comecei a perceber que todas as pessoas possuem um ponto que possuem maior dificuldade para lidar. É evidente que para cada pessoa é um caso e uma razão para ter essa dificuldade mas todo mundo tem. Apesar de você saber qual é o seu ponto de maior fraqueza, ele é extremamente desprotegido, você não sabe se defender na hora de encará-lo, lidar é sempre uma guerra. Talvez seja assim porque temos que enfrentar nossas emoções. Elas, por não terem uma essência exata, acabam não podendo ser resolvidas de forma precisa, não há uma única receita, cada pessoa vê e age de uma maneira distinta diante do mesmo assunto. A tentativa geral é testar diversas fórmulas que outras pessoas usaram (e deram certo) até encontrar aquela que melhor combina com você.

Outro tópico relevante que fiquei pensando é que todos escondem seu ponto fraco. O que é importante e até uma atitude de sobrevivência, afinal, revelar a fraqueza é se expor, é parecer menor. Suas fraquezas podem te atormentar muito mais se a pessoa quem você confiou essa informação começar a usá-la de má fé, podem inclusive te machucar se forem mencionadas sem querer. Quem tem a arma carrega poder.

Em meio desses pensamentos, um dia no trabalho, uma colega contava suas histórias de vida e no meio dela soltou: "Quando fingimos o que sentimos, demoramos mais tempo para nos curar." Isso me fez pensar que de fato eu sinto muitas coisas na vida que acabo negando seja porque não quero magoar o próximo ou apenas por autopreservação. Por não resolver e deixar acumulado no meu coração, essas coisas um dia voltam e tenho que entrar na batalha mais uma vez. No fim, negá-las foi apenas fugir e só perdi tempo não enfrentando logo. "Belas palavras", disse. Ela me retribuiu com um sorriso.

Outra história me ocorreu na mesma época. Uma amiga me contava sobre uma vez que queria desistir do curso e um veterano falou: "Se é isso mesmo que você quer, desiste. A gente às vezes aguenta coisas só para não parecer fraco, mas a verdade é que ninguém precisa ser forte." Ela concluiu que não precisamos provar nada para ninguém, que não precisamos aguentar pressão, que podemos simplesmente abandonar e deixar para trás. Tem coisas que nos preocupam e só nos fazem perder energia.

É claro que as coisas que nos deixam vulneráveis possuem níveis. Há coisas que ficamos mais sensíveis e há coisas que até conseguimos lidar com certa relutância. Talvez a dificuldade venha de uma cultura onde somos praticamente induzidos a evitar nossas emoções, tentar maquiá-las porque nos atrapalham, são esquisitas e nos trazem insegurança.

É claro que pensar sobre vulnerabilidade não vai me tornar alguém menos vulnerável mas quem sabe assim, falando e pensando sobre, não me ajude a encarar as coisas com mais leveza, afinal, todo mundo é meio esquisito e fraco, não tem como nascer nem ser perfeito. Li em algum lugar que confiança a gente se conquista. Talvez seja isso mesmo.

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